Você deve estar se perguntando sobre o que tem haver a mensagem do Evangelho com a páscoa. Por um acaso, teria estas duas coisas algo em comum? Sim. Afirmo que a relação existente entre elas é a mesmas entre o estômago e a comida. Creio que uma das razões do porque nem sempre é estabelecida a relação entre Evangelho e Páscoa seja o fato de que estamos acostumados a encarar a páscoa como um memorial que se limita apenas ao que aconteceu naquela semana da paixão. No entanto, aquele ato de sacrifício realizado por Jesus foi muito mais do que isso. Aquele ato carregava um conjunto de promessas que nos remete a Êxodo 6.6-8. Claro que a narrativa da instituição da páscoa está em Êxodo 12. Contudo, não dá para entender mais profundamente Êxodo 12 sem se deter em Êxodo 6.6-8. E por que não? Porque os dois textos estão dentro do mesmo contexto histórico, e também porque estão ligadas por algumas promessas feitas por Deus.

À medida que nos determos no conteúdo das promessas em Êxodo 6.6-8 entenderemos sua relação com a mensagem do Evangelho.

A primeira coisa que temos a fazer é relembrar uma antiga predição divina. Em Gênesis 15:13-14, o Senhor Deus falou a respeito do futuro dos descendentes de Abrão (o povo de Israel) quando nem sequer existiam ainda. O Senhor profetizou que eles seriam muito numerosos, mas seriam subjugados por um longo período. Entretanto, este período de escravidão teria um prazo de validade. Acabado o prazo, os descendentes de Abrão voltariam para a Terra que o Senhor prometeu e deu a eles. Este é o contexto mais amplo. Agora vamos para o contexto mais restrito.

Leia também alguns artigos relacionados:

A despedida de um líder
Comentário da lição
Porque o SENHOR é o nosso Deus; ele é o que nos fez subir, a nós e a nossos...
Preservando a palavra do Senhor
Comentário da lição
e no próximo, temos dois sermões de despedida que Josué pregou para o povo de...

No momento em que a páscoa foi instituída por Deus no tempo de Moisés, o povo estava numa batalha memorável contra os egípcios. O interessante é que Israel não estava levantado uma única arma contra seu inimigo. O próprio Senhor Deus estava humilhando o inimigo de Israel através das pragas. Entre a nona e a décima praga temos uma pausa. Moisés e o povo são orientados a preparar uma refeição especial e cheia de detalhes. Por exemplo, o ritual envolvia a separação de um cordeiro no dia determinado e tinha que ser sem defeito. Este animal depois de sacrificado deveria ser preparado de forma específica. Ou seja, teria de ser assado e não cozido. Não podia sobrar nada dele. Até mesmo a maneira de as pessoas o comerem deveria ser feito de determinado modo (lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão, e às pressas). O pão a ser preparado e comido naquela noite também era diferente. Não deveria conter fermento. Todo este preparativo era apenas um galho de uma árvore.

Depois de Faraó ter acrescentado mais peso ao trabalho dos israelitas. Estes, então, vieram a reclamar diante de Moisés e Arão. Moisés se volta em oração e lamento diante de Deus. Deus por sua vez dirigiu uma palavra para Moisés, e nessa palavra lançou um conjunto de promessas que seriam cruciais para a virada da sorte daquele povo. O cumprimento do que Deus iria fazer afetaria não só o presente, mas também o futuro deles.

Afetando o presente. O primeiro par de promessas dizia o seguinte: “vos tirarei” e “vos livrarei” (Êxodo 6:6). Até aquele momento a única condição que o povo conhecia de si mesmo era a condição de escravos. O faraó que estava no poder naquele período não conheceu os feitos de José. E por isso não se importou muito em oprimir o povo hebreu. Aliás, de acordo com o faraó o povo hebreu representava uma ameaça a seu reino. Os hebreus então gemerão com o peso da escravidão. A aflição deles chamou a atenção de Deus. E então, o Senhor começa a executar um plano para livrar o povo desta escravidão. O Senhor Todo-Poderoso derrama dez pragas terríveis. Verdadeiros juízos contra os deuses egípcios. Portanto, a celebração daquela primeira páscoa precedeu um ato maravilhoso de libertação. Naquele momento o Senhor estava realizando um corte cirúrgico para separar Israel do Egito.

Afetando o futuro. O outro par de promessas dizia: “vos resgatarei” e “tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus” (Êxodo 6:6 e 7). O Senhor projeta o futuro do povo. O povo agora teria uma nova identidade. Ao mencionar estas duas promessas o Senhor também estava apontando para o grande propósito de vida daquele povo – ser povo de Deus. A frase “vocês serão meu povo e eu serei vosso Deus” se tornou tão importante que ao longo da história de Israel o Senhor vez ou outra fazia questão de mencioná-la. Essa era a frase preferida do Senhor para falar do tipo de compromisso que Ele queria ter com o povo de Israel.

Quando, pois, o povo saiu às pressas do Egito, não estava apenas deixando o passado. E sim, tendo um novo começo. O povo estava indo em direção ao futuro que Deus havia preparado. Finalmente, àquela promessa feita a Abraão de fazer dele uma grande nação começava a se cumprir aqui. Com isso Deus mostra que nada atrapalha seus propósitos. O verso 8 apresenta mais uma promessa: “E vos levarei à terra a qual jurei dar a Abrão, a Isaque e a Jacó...”. Esta promessa já teve suas prestações de cumprimento ao longo da história do povo de Israel. Mas ainda não se cumpriu totalmente (cf. Hebreus 4). E é aqui que entra aqueles descendentes de Abrão, que o são segundo a fé, e não segundo a carne.

A mensagem do Evangelho traz em si um convite para a libertação. O pecado que tão de perto nos rodeia prefigura o Egito. Toda vez que o Evangelho é pregado o martelo de Deus desce com toda a força para quebrar as algemas da escravidão! Quando o Evangelho é anunciado, um novo começo, um futuro novo é apresentado àqueles que foram redimidos. O Senhor só se propõe a libertar pessoas porque tem a intenção de comprá-las para si.

Ah! Querido leitor (a) atentai para o alto preço que isso custou para Deus! Pensando nisso disse Pedro: “... sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo...” ( 1 Pedro 1:18-19). Entenda de uma vez, oh! querido irmão e irmã: se não estivermos debaixo da proteção deste sangue, que sorte teremos? Com certeza não muito diferente da morte dos primogênitos do Egito. Assim como o anjo do Senhor passou por cima da casa dos israelitas (eis aqui a ideia da palavra páscoa), ele também quer passar por cima da sua! Ora, o que significa este passar por cima, senão que Deus mediante sua graça poupa aqueles que ele mesmo chama e justifica?!

Estas promessas são tão válidas hoje quanto foi no passado, e serão no futuro. Jesus o Cristo não está sendo forçado a trazer tal mensagem como foi no caso de Jonas. Jesus deseja anunciar a libertação, redenção e o compromisso com Deus tanto quanto o Pai deseja. Portanto, mediante tudo isso, podemos afirmar que em toda Páscoa temos a reprodução da altissonante mensagem do Evangelho, e em cada pregação do Evangelho revivemos a páscoa!

Somente a Deus Seja a Glória!

Leia também alguns artigos relacionados:

O fim das batalhas
Comentário da lição
Tão-somente tende cuidado de guardar com diligência o mandamento e a lei que Mois&...
Uma herança conquistada pela fé
Comentário da lição
Então Moisés naquele dia jurou, dizendo: Certamente a terra que pisou o teu pé...