No dia 27 de julho de 2018 ocorreu o maior eclipse lunar total do século, com duração de 103 minutos e visibilidade total ou parcial na Austrália, Ásia, África, Europa e América do Sul. O fenômeno conhecido como “lua de sangue” ocorre quando a Terra fica entre a Lua e o Sol. Como a Terra bloqueia a luz do Sol, a única coloração que emerge através da atmosfera terrestre é vermelha, lançando uma cor de vermelho-sangue sobre a Lua.

Alguns cristãos ficaram alarmados com o acontecimento, compartilhando na internet mensagens que presumem que este seria um sinal profético do fim dos tempos. Alguns textos bíblicos foram citados em apoio:

  O sol se tornará em trevas, e a lua em sangue; antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.    

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Joel 2:31

  "Imediatamente após a tribulação daqueles dias ‘o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão abalados’.    

Mateus 24:29

  O sol se tornará em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor.    

Atos dos Apóstolos 2:20

Como já apontei em outro artigo, o teólogo Greg Bahnsen cunhou a expressão “exegese de jornal” para se referir às interpretações de profecias baseadas em notícias, ao invés de na Bíblia. Alguns acontecimentos atuais são “encaixados” em versículos bíblicos, ao invés de se procurar o seu significado exato por meio da análise do contexto histórico e textual, da forma literária, da gramática, do público original, do cronograma dos eventos e da comparação com o restante das Escrituras.

Na literatura bíblica e judaica do Antigo Testamento, fenômenos cósmicos como o escurecimento do Sol, o avermelhamento ou escurecimento da Lua, terremotos e queda de astros sobre a Terra eram metáforas ou símbolos poéticos para o colapso ou queda de impérios. Os profetas bíblicos utilizaram essa descrição para se referir à queda de povos como Babilônia (Isaías 13:9-10), Edom (Isaías 34:4), Nínive (Naum 1:1-5), Samaria (Amós 8:9) e Egito (Ezequiel 32:7-8). Enfatizo que nenhum desses eventos ocorreu de forma literal. Deus não pretendia que tais passagens fossem assim interpretadas, e sim, que as "luzes" de tais nações "se apagariam" e elas perderiam o seu poder e influência.

O reformador João Calvino, comentando sobre o livro do profeta Joel, assim expressou tal questão: “Ao chamá-lo de um dia tenebroso e tétrico, ele desejava mostrar que não haveria nenhuma esperança de livramento; pois, consoante ao uso corrente da Escritura, sabemos que por luz é designado um estado festivo e feliz, ou a esperança de libertação de alguma aflição: todavia, o Profeta agora extingue, por assim dizer, toda esperança neste mundo quando declara que o dia de Jeová seria sombrio, isto é, sem esperança de restauração. Isso é o que ele quis dizer.” (Commentaries on the Twelve Minor Prophets. Volume Second: Joel, Amos, Obadiah)

Há, contudo, um aspecto em que a Lua nos serve como um "sinal". A Bíblia a chama de “fiel testemunha no céu” (Salmos 89:37). Ela é testemunha daquele que “sozinho estendeu os céus” (Jó 9:8). Os céus declaram a Sua glória e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos (Salmos 19:1). Tudo foi criado por meio de Jesus, e sem Ele, nada do que foi feito se fez (João 1:1-3).

Toda noite que você contemplar os céus, encha-se de admiração e reconheça a majestosa obra das mãos de Deus.

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