Esta é o primeiro texto de uma série sobre a Oração do Senhor, escrita pelo Pastor Phil Lawton, da Igreja Batista do Sétimo Dia de Shiloh, NJ.

Parte 1: Pai Nosso

Todas as semanas, em todo o mundo, os cristãos recitam a Oração do Senhor. Eles fazem isso porque é o que eles sempre fizeram. Eles fazem isso porque é familiar. Eles fazem isso porque essa é a oração que Jesus nos ordenou orar. Mas eu me pergunto quantos deles realmente entendem o que Jesus está nos contando através dela. Eles entendem que Ele encapsulou Seu Sermão do Monte nesta oração? Se eles realmente entenderem o que as palavras significam, eles continuarão a orá-las?

Pai nosso…

Estas duas primeiras palavras preparam o cenário para entender o resto da Oração do Senhor.

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Pai nosso. Estas são as duas primeiras palavras da Oração do Senhor. À primeira vista, elas não parecem significar muita coisa. Elas são apenas uma invocação a Deus e, no entanto, esta invocação traz consigo uma rica teologia. Nessas duas palavras, encontramos esperança, comunhão, pertencimento, identidade. Nessas duas palavras há uma compreensão profunda de quem somos como povo de Deus e de quem Deus é para nós. Estas duas primeiras palavras preparam o cenário para entender o resto da Oração do Senhor.

Quando muitos de nós pensamos em Deus, o Pai, somos encorajados. Pensamos sobre o amor de nossos pais terrenos por nós. Lembramo-nos da família e do pertencer. Mas a verdade é que existe um número crescente de pessoas neste país que não fazem essas associações com o Pai. Para eles, o termo ‘pai’ se refere a um homem cruel que retém o amor. A menos que lidemos com isso, nunca poderemos entender por que Jesus usou o termo ‘pai’.

Deus odeia você

O filme Clube da Luta tipifica o niilismo de muitos no final dos anos 90 e início dos anos 2000. Ele é sobre um homem que perdeu toda a esperança em qualquer coisa. É uma história sobre chegar ao fundo do poço e sair do outro lado. Ele decide que todas as construções sociais, mesmo a religião, falharam com ele e, portanto, ele deve aceitar uma nova criação. Uma jornada que se assemelha muito ao livro Assim Falou Zaratustra, de Nietzsche.

Por que mencionar isso? Porque há uma cena (spoiller) em o Clube de Luta que explica exatamente como muitas pessoas vêem a Deus. O personagem principal sofre de uma queimadura química e seu amigo, Tyler Durden, está tentando ajudá-lo a alcançar a iluminação através dela. Durden exclama que ‘nossos pais eram nossos modelos para Deus’. Ele conclui que, como Deus os odeia, eles não precisam de Deus.

Temos de estar cientes dos limites que podemos colocar, simplesmente por causa das palavras que usamos.

Agora, muitos de vocês estão pensando que isso não é verdade. Deus não odeia Seus filhos.

Você está certo. Mas nossos pais terrenos mancham a forma como vemos nosso Pai celestial. Se nós tivemos um pai amoroso, torna-se fácil para nós aceitarmos que temos um pai celestial amoroso. Mas se tivemos um pai terrestre que nos agrediu, nos negligenciou ou abusou, então torna-se muito, muito difícil ver essa conexão.

Nossa mãe

O que é interessante é que, para muitos desses cristãos, ver Deus como uma mãe é mais fácil. Eles cresceram em casas onde suas mães ou avós eram as cuidadoras principais. Eles podem entender o amor e a compaixão e o altruísmo por causa de suas mães. Eles podem até apontar para lugares na Escritura onde Deus é referido em termos femininos.

Então, todos devemos chamar Deus de “Nossa Mãe”? Não. Não estou dizendo isso. Na verdade, existem muito boas razões pelas quais Jesus usou o termo Pai em vez de Mãe. Mas o que eu quero que você veja é que pode haver problemas com a linguagem que usamos para descrever Deus. Temos de estar cientes dos limites que podemos colocar, simplesmente por causa das palavras que usamos. Devemos sempre estar cientes desses limites.

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A Comunidade de Deus

Antes de aprofundar o uso da palavra ‘pai’, quero voltar e falar sobre ‘nosso’. Essa é uma palavra muito importante. Jesus poderia ter dito facilmente ‘Meu’ pai. Há muitos lugares onde Ele Se refere a Deus como Seu pai. Mas aqui, nesta oração, Jesus chama a Deus de ‘nosso pai’. Isso é muito importante para a nossa compreensão de como nos relacionamos um com o outro.

Nos termos mais simples, isso significa que cada cristão é irmão e irmã um do outro. Isso significa que a igreja de Deus - o povo de Deus - é uma família. Somos chamados a cuidar uns dos outros. Somos chamados a ajudar e encorajar uns aos outros. Este é um conceito que é apresentado nas epístolas. Em quase todas as epístolas, o povo de Deus é chamado de irmãos e irmãs. Não foi só Paulo quem viu isso; Tiago e Pedro também usam esses termos.

Mas, mais do que ser irmãos e irmãs uns dos outros, somos irmãos e irmãs para Jesus. Ele nos lembra que qualquer um que O segue é um irmão ou uma irmã. Esta é uma coisa incrível! Não somos apenas parte da família dos crentes, mas também somos parte da família de Deus.

Somos filhos primogênitos

No antigo Oriente próximo, a propriedade e os direitos eram transferidos através dos homens da família. As mulheres não podiam possuir propriedades. Este é o dilema central no livro de Rute. As mulheres deveriam ser atendidas pelos homens da família. Deus até causou a morte de Onã porque ele se recusou a cuidar de sua cunhada Tamar. Desnecessário será dizer que esta é uma cultura onde a propriedade e as bençãos são transmitidas de pai para filho.

É nessa cultura que Jesus entra. Esta é a razão pela qual Jesus nasceu homem. Jesus Se referindo a Deus como pai transmite essa relação. Isso nos mostra que Deus nos dará bênçãos como filhos. Eu tenho falado profundamente sobre como Jesus Se tornou como nós para que Ele pudesse nos salvar. Eu tenho falado sobre como isso significa que precisamos nos humilharmos como Jesus.

Mas há mais. Ele Se tornou como nós para que pudéssemos nos tornar como Ele. Nós possuímos por adoção o que Jesus tinha por natureza. Paulo nos chama co-herdeiros com Cristo. O autor de Hebreus nos lembra que Jesus assumiu a nossa morte para que possamos ter a Sua vida eterna. Recebemos as bênçãos de Deus - a semelhança de Deus - porque somos Seus filhos. Porque somos os filhos de Deus.

É por isso que as duas primeiras palavras são tão importantes. Elas nos lembram que Deus é o pai de todos nós. Eles nos lembram que devemos ser uma comunidade que cuida uns dos outros. Elas nos mostram que somos uma família. Mas, mais do que isso, elas nos mostram que Deus nos deu bons presentes. Elas nos mostram que Deus nos abençoou. Elas nos mostram que recebemos tudo o que pertence a Deus. Elas nos mostram que somos cuidados e amados. Elas nos dão esperança para o nosso futuro.

Que você perceba que você é parte de uma família.
Que você se veja digno de bênçãos.
Que você possa entender que Deus é um bom pai.
E que Deus continue abençoando a você, Seu filho.
Amém!


Traduzido por Fabricio Luís Lovato, a partir de "The Lord’s Prayer"

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