"Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos. Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. "Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês".

Mateus 5:3-12

Iremos meditar sobre as bem-aventuranças, citadas por Jesus no sermão do monte. Ao lermos a passagem, percebemos que a verdadeira felicidade, ali citada em seu sermão, é totalmente contrária ao que o mundo nos fala sobre felicidade.

Vamos entender um pouco do contexto em que Jesus vivia naquela época levando você a compreender qual era o propósito do Senhor e também como esse sermão se encaixaria hoje no nosso mundo.

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O povo judeu, quando ouviu aquele sermão, estava sob o jugo estrangeiro. Eles estavam sob o poder romano e os grupos que viviam em Israel nutriam diferentes expectativas sobre Jesus. Até mesmo os discípulos tinham uma ideia errada sobre Ele. Quando Jesus ressuscitou, eles questionaram se seria naquele momento que Ele assumiria de forma física e poderosa todo aquele império. Nos tempos de hoje não é diferente. Queremos materializar “um Jesus” que nos agrade. Desejamos sempre colocar nossa felicidade em coisas e pessoas para depois culpar Jesus por nossos fracassos, querendo colocá-Lo em uma caixinha pronto a nos atender.

Abaixo aprenderemos o que é a verdadeira felicidade aos olhos de Jesus.

"Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.

Mateus 5:3

Pobreza de espírito não significa dificuldade financeira. Mas o verdadeiro sentido dessa pobreza espiritual citada por Jesus é a humildade, é reconhecer que é preciso se esvaziar de si mesmo para que Deus o preencha. É também aquele que reconhece sua dependência de Jesus, que reconhece que não é nada, não possui nada, mas compreende que somente em Deus ele é feliz. É aquele que vê na presença de Deus sua maior felicidade. Quanto mais cheio de falsos valores você se encontra, mais vazio de Jesus você é. Aos olhos do Senhor só os pobres de espírito herdarão o Reino dos céus .

 

Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.

Mateus 5:4

Essa bem-aventurança apresenta um enorme contraste, pois a felicidade está com os que choram. O ser humano, em geral não encara de forma positiva, vendo nele uma expressão de fraqueza, ainda mais quando se trata do gênero masculino, afinal desde a infância se aprende que “homem não chora” ou ouvimos com certa frequência a frase “engole o choro!”. Mas não é assim que Jesus lida com o choro e nem com aqueles que, tendo seus motivos se transbordam em lágrimas. Que tipo de choro é esse que Jesus menciona? Esse choro é o choro de alma, assim como a mulher que unge os pés de Jesus com unguento e os olhos molhados de lágrimas sinceras. É choro de grande arrependimento pelos nossos pecados, que nos privam da presença de Deus. Estamos vivendo tempos de sequidão pelo choro de inquietação pelo pecado, este já não incomoda e nem nos entristece a ponto de chorarmos aos pés do Senhor, nas palavras de Rienecker: 

“Os que se lamentam são também, e especialmente, aqueles que descobriram toda a miséria do “eu” corrompido pelo pecado. Sua tristeza é resultado daquele susto abissal diante da natureza pecadora cabalmente decaída e condenável do ser humano, diante do abismo cheio de veneno do pecado. Nessa situação totalmente desesperadora da pessoa, unicamente o Senhor pode proporcionar o consolo [...]1 ”.

É desse choro que Jesus nos diz que seremos consolados. Quando movidos pela tristeza profunda, pela dor que nos assola, profundamente arrependidos e entristecidos pelo pecado e suas consequências terríveis, sim, recorramos a Jesus, que é Senhor e fonte de toda consolação.

Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança.

Mateus 5:5

Quem são os mansos? Essa mansidão não é uma mansidão com características naturais humanas, mas sim a mansidão da graça vinda de Jesus. Não é aquele que é sempre passivo, não é também aquele que não se opõe para não ser confrontado, não é aquele medroso ou que cede suas convicções para ser aceito. Ser manso não é estar sempre em cima do muro e não confrontar as adversidades. Jesus é manso e humilde, mas também é justo, tanto que no momento em que chega ao templo, expulsa os que faziam comércio naquele local (João 2:13-25). Ser manso não é somente aparência, mas é aquele que é manso pela característica produzida pela graça divina. Ser manso é não praticar o mal, mas também não desejar o mal. É ter o domínio próprio proveniente dos frutos do Espírito, é ter reações dominadas e regidas pelo Espírito Santo de Deus. É aquele que não reivindica nada além do que Deus tem para ele. Ser manso é reconhecer que é pequeno diante de Deus e também diante dos outros e não se colocar como superior. Ser manso é reconhecer que não somos nada, não merecemos nada e sempre reconhecermos que somos dependentes da graça divina.

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Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.

Mateus 5:6

Jesus ministrou esse ensino às pessoas que vivam sob domínio romano. O clamor por se verem livres ecoava em todos os cantos da antiga Palestina. Então ao falar de “justiça” o Mestre tocou em um ponto sensível por si só. Quando relaciona isso com a “fome” e a “sede” Ele vai ainda mais a fundo, pois todos sabem que fome e sede são instintos mais fortes, até mesmo entre os animais. Alimento e água são indispensáveis para nossa sobrevivência. Mas afinal, de que justiça Jesus estava falando? O Pastor Bernardino Vargas explica que “A correta compreensão da mensagem contida nessa bem-aventurança faz-nos admitir que a justiça almejada pelos salvos é a perfeita justiça, que só pode provir de Deus”2 . É fome e sede dessa justiça que Jesus nos fala. Vivemos em um mundo injusto onde o errar é acertar, onde os justos são condenados e os injustos exaltados. Mas os que desejam intensamente o que é justo serão plenamente saciados pelo Senhor.

Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.

Mateus 5:7

O que significa ser misericordioso? Praticar a misericórdia é sempre nos colocarmos no lugar do outro, é ter compaixão, é sofrer por amor ao próximo sem nenhum beneficio próprio, é a prática do verdadeiro amor, é chorar com os que choram, sofrer com os que sofrem, é deixar de olhar somente para si e sempre olhar ao redor e se compadecer com o sofrimento alheio.

Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.

Mateus 5:8

Na linguagem bíblica, quando se fala de coração, ela engloba mente, razão, emoções e nossos desejos. A Palavra diz que nosso coração é enganoso e as maldades surgem primeiramente nele (Jr. 17:9) . Deus não se impressiona com nossa aparência e sim com nosso interior. Nosso coração deve ser limpo, pois é onde Ele habita em nós. É possível adorarmos, falarmos, mas somente de lábios, pois nosso coração está longe de Cristo . A palavra puro significa não dividido, não misturado, em que Deus é o centro de tudo. “De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios 4:23).

Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.

Mateus 5:9

Essa bem-aventurança é essencial nos dias de hoje, pois vivemos tempos em que a paz tem se tornado cada vez mais escassa, vivemos o tempo todo em guerra, guerra interna, guerra entre nossos irmãos, guerra familiar. Fala-se muito de paz, mas cada vez mais é perceptível a falta dela. Precisamos refletir se em nosso meio somos responsáveis por proclamar a paz, se a estamos semeando. Ou ao invés disso, semeamos a guerra? Somos os pacificadores que seremos chamados de filhos? Temos visto cada vez mais falta de paz em nossas igrejas , entre os próprios irmãos. As contendas estão cada vez mais presentes, e podemos citar os principais motivos: a inveja, a fofoca, a falta de amor, a falta de misericórdia. Conforme colocado acima no versículo 7, podemos citar também falta de temor a Deus, falta de viver segundo os propósitos de Deus. Na maioria das vezes, estamos na igreja, mas não em Cristo, e esta falta de paz na igreja tem se estendido ao nosso lar, pois não praticamos os princípios divinos que lemos, e a nossa família, nossos amigos não têm visto essa paz que provém do Senhor. Do que adianta pregar aquilo que não se vive?

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. "Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês".

Mateus 5:10-12

Falamos sobre sede de justiça um pouco acima e aprendemos a justiça que provém de Deus. A perseguição aos crentes e cristãos sempre existiu. É impossível ter paz entre as trevas e luz, e é impossível caminhar em retidão na palavra do Senhor e não ser perseguido. Jesus foi difamado, perseguido, açoitado e morto injustamente. Jesus foi injuriado, Paulo foi decapitado, Daniel foi lançado aos leões, os amigos Sadraque, Mesaque e Abede Nego foram condenados à fornalha. Essas perseguições são provenientes da fidelidade a Deus. Mas por amor à Palavra de Deus, você será perseguido quando estiver na contramão do mundo, quando se mantiver firme em cumprir a palavra de Deus, também será perseguido quando defender a verdade, você não será perseguido por seu pecado por seus erros e sim por sua sede de justiça.

O Senhor está à procura de verdadeiros adoradores que o buscam em espírito e em verdade!

Referências

  1. RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus: comentário esperança. Editora Esperança, 2020. p,77.
  2. SOBRINHO, Bernardino de Vargas. As bem-aventuranças do cristão / Organizador Edvard Portes Soles – Curitiba, PR: Igreja Batista do Sétimo Dia, 2021, p. 60.

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